América Latina na mira: depois de bombardear barcos, Trump ameaça ordenar operações por terra contra narcotraficantes
23/10/2025
(Foto: Reprodução) Donald Trump fala em ataques terrestres contra narcotraficantes
Os Estados Unidos explodiram mais um barco na quarta-feira (22) em águas internacionais, e agora o presidente Donald Trump fala em operação terrestre.
Foram dois ataques em 24 horas. Pela primeira vez, no Oceano Pacífico. Um na terça-feira (21) matou duas pessoas. Outro na quarta (22), três.
O presidente americano, Donald Trump, foi questionado sobre os ataques hoje na Casa Branca. E respondeu: Temos autoridade legal. Temos permissão para fazer isso. Trump foi além: disse que ataques semelhantes poderiam eventualmente ocorrer em terra.
"Agora eles estão chegando por terra e até mesmo por terra estão preocupados, porque eu disse a eles que esse será o próximo passo. Você sabe, o próximo será por terra.”
Trump não explicou que operação terrestre seria essa, nem onde aconteceria. Ele disse que o secretário de guerra deve ir ao Congresso explicar as operações, mas que os parlamentares não devem ter problema com isso.
Perguntado se pediria autorização do Congresso para declarar formalmente guerra contra os cartéis, ele disse que não acha necessário. O governo americano já declarou está em conflito armado contra os cartéis, classificados como organizações terroristas. Trump afirmou:
"Nós vamos matar pessoas que estão trazendo drogas para o nosso país. Ok. Nós vamos matá-los".
O Pacífico é a principal rota das drogas que saem da América Latina em direção aos Estados Unidos. É o caso da cocaína produzida na Colômbia. Donald Trump e Gustavo Petro, presidente colombiano, trocaram acusações nos últimos dias.
Mas, até então, o foco americano estava em outro ponto, no mar do Caribe, e em outro presidente: o ditador venezuelano Nicolás Maduro. Desde setembro, os militares americanos explodiram sete barcos no Caribe sob a alegação de que eram narcoterroristas transportando drogas. Trinta e duas pessoas morreram. Maduro reagiu. Disse na quarta-feira (22) que posicionou mais de 5 mil mísseis russos de defesa antiaérea em pontos estratégicos da Venezuela.
No início do segundo mandato de Trump, representantes americanos e venezuelanos chegaram a tentar negociar. O regime de Maduro teria sinalizado que poderia até ceder aos Estados Unidos a exploração das riquezas naturais da Venezuela em troca da sobrevivência política, se afastando de adversários americanos como China e Rússia.
Mas as conversas não evoluíram e tudo mudou. Os Estados Unidos aumentaram a pressão. Primeiro no mar, com o deslocamento de navios de guerra e ataques aos barcos no Caribe. Depois, Trump autorizou operações da CIA, a agência de inteligência americana, em território venezuelano.
Um personagem fundamental nessa mudança é o secretário de Estado, Marco Rubio. Filho de imigrantes cubanos, ele sempre foi crítico dos regimes dos Castro em Cuba e do chavismo na Venezuela. Para Rubio, a única alternativa é a saída de Maduro do poder. Sempre que o assunto é Venezuela, Trump dá espaço para o secretário falar.
Na avaliação de Will Freeman, pesquisador de América Latina no Council on Foreign Relations, o governo Trump tem dois objetivos: deter o narcotráfico e remover Nicolás Maduro do poder.
“Ele vê uma divisão dentro da Casa Branca e a corrente representada por Rubio, que defende tirar Maduro do poder, ganhou força e é a responsável por liderar a mudança na estratégia americana”.
Donald Trump fala em ataques terrestres contra narcotraficantes
Reprodução/TV Globo
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