Por que as ondas de calor estão cada vez mais frequentes?
22/10/2025
(Foto: Reprodução) Por que as ondas de calor estão ficando cada vez mais frequentes?
Os dias de calor extremo estão cada vez mais intensos. O verão dos primeiros meses do ano foi um dos mais quentes. Em 2024, tivemos inúmeras ondas de calor. E por que isso está acontecendo?
Segundo especialistas e estudos recentes, isso tem a ver com o aumento das emissões de gases poluentes que estão mudando o clima e deixando Terra mais quente.
Uma pesquisa publicada na revista Nature, um dos principais periódicos científicos, 50% do agravamento de eventos extremos entre 2000 e 2023 pode ser ligado diretamente às emissões das 180 maiores produtoras de combustíveis fósseis e cimento do planeta.
A pesquisa analisou 213 ondas de calor registradas em 63 países ao longo das últimas duas décadas e concluiu que, sem a influência da mudança climática causada pelo ser humano, ao menos um quarto desses episódios teria sido “praticamente impossível”.
O que causa uma onda de calor
As ondas de calor precisam de dois fatores principais para se formar: massas de ar quente e seco e bloqueios atmosféricos — sistemas de ventos no alto da atmosfera que agem como uma barreira, impedindo a chegada das frentes frias ao continente.
Quando há esse bloqueio, as frentes frias se formam, mas são desviadas para o oceano.
Sem a entrada de umidade e sem ventos que renovem o ar, a massa quente se fortalece e fica parada sobre uma região por vários dias.
O resultado é a elevação constante das temperaturas e a formação da onda de calor.
O bloqueio atmosférico impede que as frentes frias avancem, contribuindo para a manutenção das altas temperaturas.
Arte/g1
O planeta mais quente e o efeito no Brasil
Com o aumento da temperatura média global, o padrão de circulação atmosférica vem se alterando.
O ar mais quente retém mais energia e umidade, o que favorece extremos tanto de calor quanto de chuva.
No Brasil, isso se traduz em períodos mais longos de estiagem e calor intenso, seguidos por eventos de chuva extrema concentrada em poucos dias.
A série histórica do Inpe mostra o avanço das ondas de calor nas últimas décadas:
1961 a 1990 – 7 dias de calor atípico por ano, em média;
1991 a 2000 – 20 dias;
2001 a 2010 – 40 dias;
2011 a 2020 – 52 dias.
O calor é uma ameaça para a saúde
As ondas de calor não afetam apenas o meio ambiente, mas também colocam em risco a saúde humana. O corpo pode se adaptar às altas temperaturas, mas não sem consequências.
O calor intenso causa náusea, tontura, fadiga e dores de cabeça. Em casos mais graves, o estresse térmico — índice que mede os riscos à saúde pela exposição ao calor — pode levar à falência de órgãos e morte.
É impossível suportar esse período de tempo sob essas temperaturas sem consequências, o corpo não tem resiliência para suportar. O acompanhamento da temperatura tem que estar no programa de vigilância com prioridade máxima, se não estamos deixando milhões de pessoas expostas ao risco de vida.
De acordo com o Ministério da Saúde, quase 60 pessoas morreram no Brasil nos últimos 14 anos devido ao calor extremo.
No entanto, especialistas reforçam que isso é subnotificado, já que não existe protocolo padronizado para associar mortes diretamente à exposição ao calor.